sexta-feira, 17 de abril de 2009

Novidade

Olhares curiosos me seguem. Corpos inquietos esperam o comando. Paira na atmosfera um quê de desconfiança. Lá fora alguém aponta: aquele é o novo.
Um temor em responder expectativas. Uma vontade de fazer tudo certo. Uma tensão diante do novo. Um novo que espero tonar comum.
Gargalhadas. Criações. Confusões. Brigas. Broncas. Choro. Mais gargalhadas. Melindres. Dúvidas. Frustrações. Superações. Alegria. Aplausos.
No fim, a espontaneidade. Um sorriso e um beijo de aprovação. Cercado de abraços me vem a satisfação. E uma vozinha fina diz: tio, gostei da sua aula. E, ao fundo, mais vozinhas: eu também, eu também, eu também...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Timshel!

Acabei de ler um livro. Até agora o melhor que li em minha vida literária. E talvez um dos melhores que vou ler na minha longo (espero) vida literária.
O que faz dele melhor é que me ensinou. E livro quando ensina, além de contar todo o romance, é sublime.
Me ensinou a palavra "PODERÁS".
Não sei se devo entrar no mérito do livro, tão bem escrito pelo autor. Mas vou fazê-lo. Se passa pela história bíblica de Caim e Abel.
Caim, como lavrador, levou uma oferenda à Deus de frutos da terra. Abel, como pastor de ovelhas, levou um oferenda das primícias do seu rebanho. Deus se agradou da oferenda de Abel ao passo que não teve respeito por Caim e sua oferenda.
Caim ficou furiosa e, então, Deus lhe disse: "Por que andas irado? (...) Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Mas se procederes mal, eis que o pecado está à porta; o teu desejo será contra ti, mas a ti cumpre cominá-lo".
Em uma outra versão da Bíblia esta última parte se passa da segunite maneira: "Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta, o seu desejo será contra ti, mas haverás de dominá-lo"
E aí está a diferença entre um e outro: "A TI CUMPRE" e "HAVERÁS". E o livro, por meio de um personagem maravilhoso, sabiamente coloca entre essas duas palavras a palavra: "PODERÁS".
"A TI CUMPRE" é uma ordem.
"HAVERÁS" é uma promessa.
Há milhões de seitas e igrejas que aceitam como ordem e recaem na obediência. Há outros milhões que sentem a predestinação da promessa e nada que façam pode interferir.
Mas, se "PODERÁS", é verdade também que "NÃO PODERÁS" e isso dá ao homem grandeza. O homem tem a possibilidade de optar. Ele PODE escolher seu curso, lutar até o fim e triunfar...ou não. Mas ele PODE! PODE escolher e tema a glória da opção!
A lição que tirei desse livro deixa um gosto de quero mais. Um "que pena que acabou" e "que pena que já li". Mas foi ótimo e sem arrependimentos.
Fica como indicação "A Leste do Éden" de John Steinbeck.
e a certeza de que podemos!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

às vezes nunca sei se "às vezes" leva crase

Às vezes acontece que não sei
Às vezes acontece que sei demais
Às vezes acontece que acho que não sei
Às vezes acontece que acho que sei demais

Às vezes acho que acontece que não sei
Às vezes acho que acontece que sei demais
Às vezes acho que não acontece que sei
Às vezes acho que não acontece que sei demais

...
...
...
Às vezes, simplesmente, não acontece


(título inspirado em letra da música "Às vezes nunca" do Engenheiros do Hawaii)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

...

um arrependimento por motivo banal
uma tristeza que não parece ter fim
um desejo...enfim
de que tudo volte a ser igual

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Monstros

"Creio que há monstros nascidos no mundo de pais humanos. Pode-se ver alguns, disformes e horrendos, com enormes cabeças ou corpos minúsculos; alguns nascem sem braços, sem pernas, outros com três braços, com caudas ou bocas nos lugares mais estranhos. São acidentes e ninguém tem culpa (...)
Assim como há monstros físicos, não é possível que nasçam também mostros mentais ou psíquicos? O rosto e o corpo podem ser perfeitos, mas se um gene adulterado ou óvulo disforme pode produzir monstros físicos, o mesmo processo não poderia gerar uma alma deformada?
Os monstros são variações do normal aceito, em grau maior ou menor. Assim como uma criança pode nascer sem um braço, também se pode nascer sem bondade ou sem o potencial de consciência. Um homem que perde um braço num acidente precisa se esforçar ao máximo para se ajustar à falta, mas aquele que nasce sem braços sofre apenas das pessoas que o acham estranho. Como nunca teve braços, não pode sentir falta deles. (...) Para um monstro, a norma deve parecer monstruosa, já que cada pessoa é normal para si mesma. Para o monstro interior, a situação deve ser ainda mais obscura, já que ele não tem qualquer escala visível para se comparar com os outros. (...) Nunca se deve esquecer que um monstro é apenas uma variação e que para um monstro a norma é monstruosa (...)"
Trecho retirado do livro "A Leste do Éden" de John Steinbeck.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

um novo ano...novo?


E para acompanhar a frase do ano de 2008 (no contexto: Retrospectiva 2008 pela Globo): "A retrospectiva já foi melhor em outros anos..."
É, já tivemos anos melhores...